terça-feira, 24 de maio de 2016

Os riscos de usar glutaraldeído no cabelo

Dra. Tatiana Steiner para o portal Meu Crespo em 20 de maio de 2016
Alisar os cabelos é o sonho de várias meninas. E muitas delas não medem esforços – nem riscos – para atingir esse objetivo. Depois da proibição do formol pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a indústria de cosméticos passou a investir em várias outras alternativas. O problema é que boa parte oferece os mesmos perigos (ou até mais graves) do que a substância que ficou restrita em primeiro lugar. Usar glutaraldeído no cabelo, por exemplo, pode ser muito arriscado.
Glutaraldeído no cabelo: como ele age
Para entender melhor a ação do glutaraldeído no cabelo, pedimos ajuda à dermatologista Tatiana Steiner, assessora do Departamento de Cabelos e Unhas da Sociedade Brasileira de Dermatologista (SBD).
“Glutaraldeído é um aldeído saturado, de odor forte, muito utilizado em desinfetantes e esterilizantes ambulatoriais e hospitalares, devido a sua ação anti bacteriana. É uma substância conservante utilizada na fabricação de alguns produtos com o objetivo de evitar a proliferação bacteriana. Esta é a única atribuição da substância permitida em produtos cosméticos pela legislação. “Ele portanto não é um produto próprio para uso capilar”, explica Tatiane. De acordo com a especialista, a substância é 10 vezes mais neurotóxica do que o próprio formol.
“O glutaraldeído funciona como agente oxidante e tem sido acrescentado a outros cosméticos para intensificar o efeito alisante nos cabelos. Por ter um pH (nível de acidez) alto, dilata e abre a cutícula, permitindo assim a entrada do produto no interior do fio, reforçando seu efeito”, diz Tatiana.

Os perigos do glutaraldeído à saúde

De acordo com a dermatologista, os riscos de usar glutaraldeído para alisar os cabelos sérios. O produto pode causar queimaduras químicas, vermelhidão, descamação do couro cabeludo, queda de cabelo, ardência nos olhos, sensação de queimação nos olhos e na boca, falta de ar, tosse, dor de cabeça, dor de garganta e reações alérgicas graves.
Em situações mais graves, o contato pode até ocasionar enjoo, vômito, vertigem e desmaio. “Exposições repetidas podem causar feridas na boca, narina e olhos, além de câncer nas vias aéreas superiores (nariz, faringe, laringe, traqueia e brônquios), podendo até levar à morte, segundo informações da Anvisa”, reforça Tatiana.
Ela conta ainda que, de acordo com alguns especialistas, substâncias químicas como o glutaraldeído usado nos cabelos para alisamentos, pode alterar o DNA das células, aumentando o risco de desenvolvimento de câncer. Isso tudo sem contar os problemas para o próprio cabelo. Em vez de exibir fios bonitos e lisos, você corre o risco de precisar lidar com uma haste capilar danificada, ressecada, enfraquecida e com tendência à quebra. “Outro problema é a forma de aplicação, muitas vezes, inadequada, com exagero no tempo de uso do produto, além de lavagens da maneira errada depois do procedimento”, ressalta a médica.

As alternativas

Se você quiser alisar os cabelos sem correr todos esses riscos, é importante pesquisar a fundo, conversar bastante com seu cabeleireiro e pedir que ele te mostre o produto que pretende usar nos seus fios – e, mesmo assim, desconfiar.
“Muitos produtos contém um falso rótulo de liberação da Anvisa. Foi ‘vendido’ e rotulado como ‘nova forma de diminuir o volume dos cabelos’, sendo chamado de ‘escova progressiva de aminoácidos’, mas, normalmente, não contém somente aminoácidos, mas também algum agente oxidante, que intensifica o efeito liso, causando danos ao cabelo e trazendo riscos a saúde”, alerta. Então fique de olho! “As organizações de saúde no Brasil e em outros países, alertam que apenas os ‘relaxadores’ químicos, são oficialmente legalizados e seguros para serem usados como alisantes capilares.
Existem substâncias ativas específicas com propriedades alisantes, como ácido tioglicólico, hidróxido de sódio, hidróxido de potássio, hidróxido de cálcio, hidróxido de lítio e hidróxido de guanidina, que são permitidas pela legislação”, orienta. Ainda assim, ela recomenda: “É importante reforçar que mesmo estes produtos aprovados não devem ser usados indiscriminadamente, pois alteram a estrutura química dos fios”.
http://www.meucrespo.com.br/glutaraldeido-cabelo/

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